Analisando, por exemplo, os países que integram a APEC – Asia-Pacific Economic Cooperation (Cooperação Económica da Ásia e do Pacífico) rapidamente chegamos à conclusão que essa representação não é a mais indicada para se perceberem os canais de comunicação entre os associados. Na imagem abaixo podemos ver o Grupo dividido, separado por dois continentes, Europa e África, e pelo imenso Oceano Atlântico, ficando os países de costas voltadas.
Se rodarmos o mapa em 90º (Imagem 2) obteremos uma perspectiva completamente diferente. A Rússia e os Estados Unidos da América que na imagem de cima estão em extremos opostos, na nova representação eles quase que se tocam no Estado do Alasca.
Apesar de as comunicações marítimas serem particularmente difíceis entre os dois territórios nos pontos que estão mais próximos – Rússia e Alasca (E.U.A) –, devido não só à grande quantidade de ilhas e vulcões presentes nesta zona mas também porque o mar congela no Inverno, não é difícil imaginar a construção de um túnel no Estreito de Bering à semelhança do Eurotúnel que liga o Reino Unido e a França e que passa por baixo do Canal da Mancha.
Na imagem seguinte podemos perceber que não é impossível a prossecução de um projecto da envergadura do Eurotúnel no Estreito de Bering.
Mas a observação mais curiosa tem a ver com a localização geográfica de Portugal e a sua representação gráfica em cada um dos modelos de mapa acima referidos.
No mapa tradicional, por exemplo (Imagem 1), Portugal surge representado no centro do Mundo o que nos dá a confortável sensação de protecção (será?!). Aparentemente, temos uma localização geográfica estratégica apetecível pelos dois Blocos (quais Blocos?!) e todos terão interesse em nos defender e apoiar.
Também sabemos que as imagens influenciam o nosso subconsciente e julgo que não seria de todo descabido os intelectuais deste país (políticos, geógrafos, psicólogos, filósofos, treinadores de futebol, comentadores políticos, e outros…) analisarem até que ponto a representação do Mapa-múndi da forma tradicional contribui para o estado actual da economia portuguesa.
É que me parece que a importância de Portugal no passado – que nos colocou, de facto, no centro económico e comercial do mundo – junto com esta imagem faz com que os portugueses se deitem à sombra da bananeira, a viver dos créditos passados e à espera que os outros resolvam os seus problemas. Esquecem-se (ou nem lhes passa pela cabeça, sequer) que tudo na vida é relativo e circunstancial. O que para uns é centro para outros é periferia; o que hoje é grande amanhã pode ser pequeno, ou vice-versa. Quantos e quantos julgam ser o centro do universo e não se dão conta que não passam de poeira cósmica?!...
(Fernando Pessoa alertou-nos para a fugacidade dos impérios físicos, pois eles são exauríveis, e a necessidade de criar um império novo e perene, indestrutível: o império do ser, da essência, do imaterial. Que fizemos?! Nada! Dizemos apenas: que bonitas palavras, este homem era um génio!... Vale-nos de muito, se não fizermos nada. Deixo para mais tarde este tema.)
Por isso eu acho que devemos começar a olhar mais para a representação do Mundo como na Imagem 2. Reparem como nessa representação nós passamos do centro do Mundo para a periferia. Qualquer descuido ou erro tipográfico e desaparecemos do Mapa. Se viesse ali pela esquerda um ‘Bicho Papão’ e nos comesse aposto que ninguém dava pela nossa falta (a não ser que tivéssemos cá turistas ingleses a passar férias, claro). Só assim, talvez, os portugueses despertem para a necessidade de meter mãos à obra. Todos sabemos que a necessidade aguça o engenho. Sentindo-nos desprotegidos quem sabe não ripemos dos pergaminhos do passado e partamos para a luta. Os nossos ‘egrégios avós’ aprovariam essa iniciativa e os nossos 'eclectíssimos netos' merecem esse esforço.
Bom fim-de-semana,
L.P.
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