sábado, 17 de novembro de 2007

Portugal no Mundo: Centro ou Periferia?!

Enquanto olhava para um mapa representando as relações económicas que se estabelecem entre os diversos países que integram algumas das principais associações comerciais internacionais – APEC; NAFTA; ASEAN; UE; MERCOSUL; G20; CAIRNS GROUP, etc. – apercebi-me que nem sempre a representação tradicional do Mapa-múndi, com o Oceano Atlântico no centro, é a mais correcta.

Analisando, por exemplo, os países que integram a APEC – Asia-Pacific Economic Cooperation (Cooperação Económica da Ásia e do Pacífico) rapidamente chegamos à conclusão que essa representação não é a mais indicada para se perceberem os canais de comunicação entre os associados. Na imagem abaixo podemos ver o Grupo dividido, separado por dois continentes, Europa e África, e pelo imenso Oceano Atlântico, ficando os países de costas voltadas.

Imagem 1 – Países da APEC (Representação tradicional)


Se rodarmos o mapa em 90º (Imagem 2) obteremos uma perspectiva completamente diferente. A Rússia e os Estados Unidos da América que na imagem de cima estão em extremos opostos, na nova representação eles quase que se tocam no Estado do Alasca.


Imagem 2 – Países da APEC (Representação alternativa)

A APEC é constituída por 21 membros que são: Austrália; Brunei; Canadá; Chile; China; Hong Kong; Indonésia; Japão; Coreia do Sul; Malásia; México; Nova Zelândia; Papua Nova Guiné; Peru; Filipinas; Rússia; Singapura; Taiwan; Tailândia; Estados Unidos da América; Vietname.

Apesar de as comunicações marítimas serem particularmente difíceis entre os dois territórios nos pontos que estão mais próximos – Rússia e Alasca (E.U.A) –, devido não só à grande quantidade de ilhas e vulcões presentes nesta zona mas também porque o mar congela no Inverno, não é difícil imaginar a construção de um túnel no Estreito de Bering à semelhança do Eurotúnel que liga o Reino Unido e a França e que passa por baixo do Canal da Mancha.

Na imagem seguinte podemos perceber que não é impossível a prossecução de um projecto da envergadura do Eurotúnel no Estreito de Bering.

Imagem 3 – Estreito de Bering

As observações precedentes estão a ser desenvolvidas num trabalho de Economia que será disponibilizado na página correspondente (associada ao ‘Eclectíssimo’) para consulta dos interessados.

Mas a observação mais curiosa tem a ver com a localização geográfica de Portugal e a sua representação gráfica em cada um dos modelos de mapa acima referidos.

No mapa tradicional, por exemplo (Imagem 1), Portugal surge representado no centro do Mundo o que nos dá a confortável sensação de protecção (será?!). Aparentemente, temos uma localização geográfica estratégica apetecível pelos dois Blocos (quais Blocos?!) e todos terão interesse em nos defender e apoiar.

Também sabemos que as imagens influenciam o nosso subconsciente e julgo que não seria de todo descabido os intelectuais deste país (políticos, geógrafos, psicólogos, filósofos, treinadores de futebol, comentadores políticos, e outros…) analisarem até que ponto a representação do Mapa-múndi da forma tradicional contribui para o estado actual da economia portuguesa.

É que me parece que a importância de Portugal no passado – que nos colocou, de facto, no centro económico e comercial do mundo – junto com esta imagem faz com que os portugueses se deitem à sombra da bananeira, a viver dos créditos passados e à espera que os outros resolvam os seus problemas. Esquecem-se (ou nem lhes passa pela cabeça, sequer) que tudo na vida é relativo e circunstancial. O que para uns é centro para outros é periferia; o que hoje é grande amanhã pode ser pequeno, ou vice-versa. Quantos e quantos julgam ser o centro do universo e não se dão conta que não passam de poeira cósmica?!...

(Fernando Pessoa alertou-nos para a fugacidade dos impérios físicos, pois eles são exauríveis, e a necessidade de criar um império novo e perene, indestrutível: o império do ser, da essência, do imaterial. Que fizemos?! Nada! Dizemos apenas: que bonitas palavras, este homem era um génio!... Vale-nos de muito, se não fizermos nada. Deixo para mais tarde este tema.)

Por isso eu acho que devemos começar a olhar mais para a representação do Mundo como na Imagem 2. Reparem como nessa representação nós passamos do centro do Mundo para a periferia. Qualquer descuido ou erro tipográfico e desaparecemos do Mapa. Se viesse ali pela esquerda um ‘Bicho Papão’ e nos comesse aposto que ninguém dava pela nossa falta (a não ser que tivéssemos cá turistas ingleses a passar férias, claro). Só assim, talvez, os portugueses despertem para a necessidade de meter mãos à obra. Todos sabemos que a necessidade aguça o engenho. Sentindo-nos desprotegidos quem sabe não ripemos dos pergaminhos do passado e partamos para a luta. Os nossos ‘egrégios avós’ aprovariam essa iniciativa e os nossos 'eclectíssimos netos' merecem esse esforço.

Bom fim-de-semana,
L.P.

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