domingo, 4 de novembro de 2007

Fernando Pessoa

A colocação de uma foto (desenho) de Fernando Pessoa neste Blogue prende-se com o facto de eu recentemente ter estudado, ainda que superficialmente, esta personalidade misteriosa e criadora de mitos, que tantos intelectuais tem ocupado, e há-de ocupar por muitos e muitos anos, sem no entanto nos terem apresentado até hoje uma teoria redutora do seu pensamento, e por ela ter ficado inefavelmente fascinado.

Sobre Fernando Pessoa há teorias, não Teoria. Mas acredito que ele tinha uma Teoria.

Afirmar que Fernando Pessoa era ecléctico será, para os intelectuais, uma heresia. Mas eu não sou um intelectual, sou ignorante e, como tal, tenho direito ao erro.

Por outro lado se analisarmos a definição de «Eclectismo» avançada pela Diciopédia X, da Porto Editora, «atitude dos filósofos que pretendem elaborar doutrina própria, fundindo num todo, que desejam coerente, o que se lhes afigura mais valioso de entre as teses de diversos sistemas» talvez cheguemos à conclusão que não será um ‘pecado’ assim tão grande afirmar que Fernando Pessoa era um “Eclectíssimo” Senhor.

Deixo para mais tarde considerações mais profundas e aguardo que, ao longo do tempo, outras participações me apresentem, seja através de reflexões pessoais seja com base em conhecimentos científicos, outras perspectivas, outras interpretações, enfim, outros conhecimentos.

A vantagem da ignorância é o prazer de aprender.

Quanto à imagem escolhida passo a explicar.

Das muitas centenas de fotos que se encontram disponíveis no infindável mundo ‘internético’ (salvo os respectivos direitos autoriais, obviamente) decidi escolher esta caricatura (cujo autor desconheço) por vários motivos:

  1. Sendo uma caricatura a imagem transcende a personalidade que representa, e congrega todo o universo daqueles que se identificam, quer física quer intelectualmente, com Fernando Pessoa;
  2. Porque é a mais feia (como eu) que encontrei;
  3. Representa um F.P. narigudo (como eu), magro (como eu), com óculos (como eu) e é cinzenta (como eu).

Termino com uma pérola pessoana. O poema «Quando as crianças brincam» datado de 5 de Setembro de 1933.

«Quando as crianças brincam

E eu as oiço brincar,

Qualquer coisa em minha alma

Começa a se alegrar.

E toda aquela infância

Que não tive me vem,

Numa onda de alegria

Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,

E quem serei visão,

Quem sou ao menos sinta

Isto no coração.»

Se leram até aqui merecem que os saúde e os cumprimente.

Obrigado,

L.P.

2 comentários:

Anónimo disse...

Fernando Pessoa

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá a falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.� Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

Marta Almeida

v i c t o r h u g o disse...

Não creio que Pessoa fosse um eclectíssimo, mas também o que é que isso importa? Importa sim é o seu legado que nas suas várias "pessoas" foi desenvolvido - e só por isso, considerada a obra no seu todo não creio que seja correcto dizer que é sistemática; mas também não é assistemática.

O meu ponto de vista:
Eu só leio Pessoa no Outono e no Inverno; só quando a natureza me afecta de tal modo que eu agarro "O Livro do Desassossego" e aleatóriamente leio um parágrafo. E deixo-me entregar aos vários sentimentos e pensamentos que daí advêm; entrego-me ao nu das arvores, às nuvens e ao cinzento. E curiosamente nesses momentos sou mais 'eu' do que alguma vez fui... o desassossego torna-se calma aritmica e no entanto controlada; sigo a velocidade das nuvens e das folhas ao vento.
"De Bernardo torno-me Caeiro - Mestre de mim."