domingo, 31 de agosto de 2008
domingo, 1 de junho de 2008
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Ser Amigo...
Ora vejam...
«Ser Amigo...
AMIGO...é linda a palavra não é?
Eu também gosto, gosto muito... se me lembro de um AMIGO, é de Ti de quem me lembro antes de outrem, de quem mais poderia lembrar-me se não de alguém que nem escutar-me precisa para saber antes que fale o que direi ou penso?
Fumando aqui o nosso cachimbo, estou pensando que poderia falar coisas belíssimas acerca de sermos Amigos, mas nós, os AMIGOS, não temos essa necessidade como bem sabes, somos feitos de nem sabemos bem o quê! Não é certamente do calor que deitam estas lascas de folhas de nicotiana tabacum, que ardem rápido mas talvez do aroma que delas resulta, que permanece e dura... mas seja lá do que for, somos AMIGOS! Não somos?
Somos família por afinação ou afinidade ou lá o que é, o que para mim é bem mais que um privilégio, porque nos foi possível a escolha...ou seja, quando estás por perto AMIGO, sinto-me em casa...
Parabéns pelo Teu blog, mas principalmente pelo que És... e Tu ÉS MUITO GRANDE.
Abraço do teu AMIGO:
Rodrigues»
Vá lá a gente saber porquê!...
Obrigado AMIGO, e um grande abraço para ti também
L.P.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
15 de Maio - Dia Internacional da Família!
O Dia Internacional da Famíla promove a reflexão e a discussão acerca do conceito de família nas sociedades do mundo inteiro. Este dia serve também para reflectir sobre os problemas económicos, sociais e culturais que afectam as famílias, sem esquecer o problema do descréscimo demográfico que está a afectar as sociedades ocidentais.
Valerá, ou não, a pena pensar nisto?!...
L.P.
O Poder das Estrelas!...
Não há dúvida que Portugal é rico em cérebros bastante criativos. Uma equipa de jovens profissionais da revista Grande Reportagem conseguem a proeza de, gratuitamente, desenvolver uma massiva campanha publicitária da sua empresa utilizando para tal o nome de uma Organização conhecida por qualquer cidadão do mundo inteiro com mais de três anos – a ONU – e um suposto diplomata Norueguês a quem havia sido incumbido o trabalho de mostrar os problemas que preocuparam o mundo durante o ano de 2004.
E-mails invadiram as caixas de correio nos quatro cantos do mundo; blogues, apresentações Power Point, Vídeos, Youtube, enfim, não haverá, talvez, quem não conheça já este trabalho.
Não obstante o valor da iniciativa, não é, porém, por esse facto que a trago a este espaço. É, outro sim, pela pertinência e actualidade dos conteúdos bem como pela criatividade (mais uma) que esteve subjacente à sua adaptação ao suporte adoptado: a Bandeira Nacional de alguns países que têm estrelas entre os seus símbolos.
Seguem-se as imagens:
sábado, 10 de maio de 2008
Rio Cáster, Observar, Intervir e Mudar
Aqui deixo o convite para que o visitem e nele participem construtivamente.
Obrigado!
Liliana Almeida
sexta-feira, 2 de maio de 2008
A língua mais bonita do mundo é o português!
Aproveitou também para mandar um recado à comunicação social lembrando-lhes o dever de assumir com seriedade a defesa da língua afirmando: «há uma grande responsabilidade da comunicação social na defesa da língua portuguesa, a de Camões.»
No meu humilde parecer o nosso Nobel esqueceu-se responsabilizar uma classe muito importante da sociedade portuguesa para a preservação (ou morte) da Língua Portuguesa: a dos estudantes.
Com a total globalização da sociedade, com a tão almejada "Aldeia Global" à beira da consecução, que sentido deverá ser atribuído a conceitos como Nacionalidade ou Pátria?!
Fernando Pessoa dizia a esse respeito: «A minha pátria é a Língua Portuguesa».
É que, de facto, nós somos a Língua Portuguesa e esta somos nós, seja Portugal Portugal, Ibéria, Europa, Mundo ou Aldeia Global.
Quando perdermos o respeito pela nossa Pátria, a nossa Língua, perderemos o respeito por nós próprios, pior, perderemos o respeito pelos nossos antepassados, ou pior, perderemos o respeito pelos nossos filhos…
Ai, como eu amo os meus filhos!…
L.P.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
LINKS MUITO ÚTEIS
O Eclectíssimo disponibiliza a partir de hoje uma nova secção.
Trata-se de uma compilação de links de sites/blogues com recursos educativos diversos que eu fui seleccionando como favoritos durante as minhas pesquisas.
A lista será actualizada à medida que for encontrando novos sites/blogues de interesse ou me sejam indicados por amigos e/ou visitantes do Eclectíssimo.
Para aceder a esta nova secção basta clicar no link correspondente, abaixo do "Arquivo do blogue", ou no título que se segue.
Porque, como dizia Aristóteles, "A cultura é o melhor conforto para a velhice"
L.P.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Dia Mundial do Livro!...
terça-feira, 22 de abril de 2008
Dia Mundial da Terra
O Dia da Terra foi criado em 1970 quando o Senador norte-americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional contra a poluição. É festejado a 22 de Abril e, a partir de 1990, outros países passaram a celebrar a data.
A atmosfera terrestre vai até cerca de 1.000 km de altura, sendo composta basicamente de nitrogénio, oxigénio, árgon e outros gases.
Há 400 milhões de anos a Pangeia reunia todas as terras num único continente. Com o movimento lento das placas tectónicas (blocos em que a crosta terrestre está dividida), 225 milhões de anos atrás a Pangeia partiu-se no sentido este-oeste, formando a Laurásia ao norte e Godwana ao sul e somente há 60 milhões de anos a Terra assumiu a conformação e posição actual dos continentes.
O relevo da Terra é influenciado pela acção de vários agentes (vulcanismo, abalos sísmicos, ventos, chuvas, marés, acção do homem) que são responsáveis pela sua formação, desgaste e modelagem. O ponto mais alto da Terra é o Everest no Nepal/ China com aproximadamente 8.848 metros acima do nível do mar. A Terra já passou por pelo menos 3 grandes períodos glaciais e outros pequenos.
A reconstituição da vida na Terra foi conseguida através de fósseis, os mais antigos que conhecemos datam de 3,5 biliões de anos e constituem em diversos tipos de pequenas células, relativamente simples. As primeiras etapas da evolução da vida ocorreram em uma atmosfera anaeróbia (sem oxigénio).
As teorias da origem da vida na Terra, são muitas, mas algumas evidências não podem ser esquecidas. As moléculas primitivas, encontradas na atmosfera, compõem aproximadamente 98% da matéria encontrada nos organismos de hoje. O gás oxigénio só foi formado depois que os organismos fotossintetizantes começaram as suas actividades. As moléculas primitivas agregam-se para formar moléculas mais complexas.
A prova disso é que as mitocondrias celulares possuem ADN próprio. Cada estrutura era capaz de satisfazer as suas necessidades energéticas, utilizando compostos disponíveis. Com este aumento de complexidade, elas adquiriram capacidade de crescer, de se reproduzir e de passar as suas características para as gerações subsequentes.
A população humana actual da Terra é de aproximadamente 6 biliões de pessoas e a expectativa de vida é em média de 65 anos.
Para mantermos o equilíbrio do planeta é preciso tomar consciência dessa importância, a começar pelas crianças. Não se pode acabar com os recursos naturais, essenciais para a vida humana, pois não haverá como repô-los.
Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/
Planeta Terra
A pérola mais preciosa do Universo
domingo, 20 de abril de 2008
Os dois castores - Fábula de Esopo
Um dia, durante a construção de um enorme dique para conter o rio que teimava em se encher com a água da chuva, o castor do Rio da Direita notou, exausto, que os galhos estavam a terminar. Embaraçado, gritou, então, ao castor do Rio da Esquerda, se ele lhe poderia dispensar um ou dois galhos dos seus.
Voaram dois galhos por cima da sua cabeça, que o castor agoniado tratou de enfiar pelo amontoado de galhos que já começava a mostrar sinal de fraqueza. Desesperado, o castor tratou de ajeitar os galhos aqui e ali, até que, em pânico, perguntou mais uma vez ao castor do Rio da Esquerda se ele poderia dispensar mais dois ou três galhos. Ainda os galhos voavam para o seu lado, e já o castor, nervoso, os encaixava no meio da pilha de galhos que agora tremiam como uma gelatina e estancou, paralisado, à espera do pior.
Muito aflito, gritando por socorro, pela primeira vez na sua vida o castor do Rio da Direita subiu, atabalhoado, a encosta do seu rio e já ia começar a descer correndo para dentro do Rio da Esquerda, quando parou, chocado com o que via.
No Rio da Esquerda havia um outro dique, enorme e resistente, a conter a força da água. Deitado sobre ele, roendo calmamente uma folhinha de árvore, estava o outro castor, que observava as centenas de galhos que haviam sobrado, flutuando à sua frente... Antes que o castor do Rio da Direita se pudesse arrepender de algo, o seu pobre dique rebentou.
Em questão de minutos o rio transbordou, afogando o apavorado castor e cobrindo com enormes ondas o Rio da Esquerda – que engoliu o outro castor, a sua folhinha de árvore e as centenas de galhos que haviam sobrado.
Uma lição que se pode tirar desta história é que... não adianta querer cuidar do seu rio sozinho!
sábado, 19 de abril de 2008
Se eu fosse um padre
Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!
Mário Quintana (30/07/1906 - 05/04/1994)
Quintana dixit:
"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".
quarta-feira, 16 de abril de 2008
As pessoas sensíveis
(Jesus expulsando vendilhões do templo, Jacob Jordaens. 1650)
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó vendilhões do templo
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Mello Breyner Andresen (06/11/1919 - 02/07/2004)
terça-feira, 15 de abril de 2008
Canção do Semeador
(O Semeador, Vincent Van Gogh)
Na terra negra da vida,
Pousio do desespero,
É que o Poeta semeia
Poemas de confiança.
O Poeta é uma criança
Que devaneia.
Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a semente.
Miguel Torga (12/08/1907 - 17/01/1995)
NOTA: Este maravilhoso poema de Miguel Torga podia muito bem ter sido utilizado para ilustrar a abertura do meu Blogue, em "Semente ao Vento!...". Não calhou, então, porque nem tudo lembra, mas aqui vo-lo deixo, hoje. Deliciem-se... e devaneiem!
segunda-feira, 14 de abril de 2008
E tudo era possível
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo (27/02/1933 – 08/08/1978)
domingo, 6 de abril de 2008
PLANTAREMOS ESTES ARBUSTOS
Plantaremos estas árvores
Não plantaremos jardins de amor,
Não plantaremos lembranças
Cecília Meireles (07/11/1901 - 09/11/1964)
sexta-feira, 7 de março de 2008
LIBERDADE
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
Ai que prazer…
L.P.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Comparar o Incomparável!...
— O que é isto? – Perguntou-nos o professor.
— É uma maçã! – Respondeu prontamente um aluno.
— E isto o que é? – Tornou o professor, ostentando agora uma bela laranja que retirara de outro bolso da gabardina, desta vez com a mão esquerda, elevando-a da mesma forma ao nível da maçã.
— Uma laranja, já se vê. – Respondeu o mesmo aluno, com espanto.
— Muito bem. E o que é que ambas têm em comum? – Insistiu o professor, com ar desafiador.
— Ambos são frutos… – Arriscou outro aluno, com um leve trejeito de dúvida.
— Certo. E qual deles é o melhor? – Quis saber o professor, ainda sem ninguém compreender qual era a finalidade daquele inquérito tão inusitado quanto aparentemente despropositado.
— É a laranja. – Voltou a responder o primeiro aluno, timidamente.
— E porque é que é a laranja e não a maçã, o melhor destes dois frutos?! Acaso a maçã não presta? – Picava o professor, com um crescente brilhozinho nos olhos.
— Porque eu gosto mais da laranja. – Volveu o aluno, ganhando confiança.
— Porque ‘tu’ gostas mais, dizes. E só por isso? – Dizendo isto pousou os frutos em cima da sua secretária, aguardando uma resposta, pacientemente.
— Sim. Só por isso. É melhor porque gosto mais dela, ou gosto mais dela porque é melhor, não sei bem. – Respondeu o aluno, ao cabo de vários segundos de relexão infecunda.
— Não sabes bem, claro. – O professor sorriu, triunfante.
E voltando-se para a turma, pergunta de novo:
— Todos acham que a laranja é melhor que a maçã? – Perguntou, pegando em cada um dos frutos, erguendo-os à vez, e voltando a colocá-los sobre a mesa pela ordem que os havia erguido.
Uma aluna do fundo da sala levanta-se e, muito corada, afirma:
— Eu acho que a maçã é muito melhor do que a laranja.
— «A maçã é muito melhor do que a laranja». Muito bem. E porquê? – Insistiu o professor.
— Não sei. – Diz a aluna, baixando a cabeça, envergonhada.
— Não sabes porque nunca tinhas pensado no assunto. É a tua preferência gustativa, o teu paladar, que te levam a responder dessa forma e não de outra. O mesmo se passa com o teu colega.
Cada um de vós é um sujeito diferente e, perante a mesma realidade, têm opiniões antagónicas, ou seja, as vossas opiniões são subjectivas porque emanadas do sujeito.
Agora, pergunto-vos a todos: Objectivamente será possível afirmar qual destes dois frutos, laranja ou maçã, é o melhor?
Os alunos começaram a associar este inquérito com a matéria da aula anterior: “Objectividade versus Subjectividade”. As coisas começavam a fazer sentido. As peças do puzzle iam, finalmente, encaixar-se umas nas outras.
Seria possível afirmar objectivamente se a laranja é melhor do que a maçã ou esta melhor do que aquela?!
Um quarto aluno arrisca a sua sorte, sugerindo:
— É possível, Professor, se os estudarmos objectivamente…
Quando nos preparávamos para entrar no raciocínio do colega, enchendo-nos de certezas e abandonando as dúvidas, eis que o professor ribomba um monumental NÃO!... (acompanhado de um violento murro na mesa – não fosse alguém estar distraído – fazendo rolar os frutos que só pararam no chão) NÃO É POSSÍVEL!...
Gelámos… Silêncio de morte… Voltaram as dúvidas…
O professor continuou, trovejante e fulminante:
— A laranja e a maçã são duas peças de fruta mas de espécies diferentes… (pausa prolongada… a luz regressava ao nosso espírito). Não se pode comparar uma laranja com uma maçã porque são frutos de espécies diferentes. Objectivamente é impossível comparar objectos de diferentes domínios. A laranja pertence a um domínio: o das laranjas e a maçã pertence a outro domínio diferente: o das maçãs, logo não é possível estabelecer uma comparação objectiva entre elas porque nem sequer são oponíveis.
Infelizmente, as pessoas vivem fazendo comparações ou querendo equiparar-se ou equiparar os seus filhos a outros ou a filhos de outros não se apercebendo que são de estirpes diferentes, logo não são comparáveis porque nem sequer são oponíveis.
A paz interior aumentará exponencialmente se cada um assumir sem reservas a sua individualidade: incomparável e irrepetível.
Esta é uma opinião subjectiva, claro…
sábado, 12 de janeiro de 2008
A sabedoria é o alimento do espírito!...
É dosprito upão!
Ou querch ficar pra sempre inguenorantão?
Poin os olhos no Silva, teu irmão.
Pensas talvês que não le custou, não?
Mas com'é qu'êl foi pdir aumentação
E tinh' rrazão...
«Os animais, que não têm senão o seu corpo para conservar, ocupam-se continuamente na procura de alimentos; mas os homens, de quem a principal parte é o espírito, deveriam empregar os seus principais cuidados na procura da sageza, que é o seu verdadeiro alimento (…)».
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
O MONGE E O ESCORPIÃO
Transido de dor, após a ferroada, o Monge dirige-se ao escorpião nestes termos: – Eu quis salvar-te, e salvei-te. É esta a minha recompensa? Apesar de tudo, cumpri o meu dever.
Ditas estas palavras o homem pôs-se a seguir o animal com o olhar, e qual não é o seu espanto quando o vê dirigir-se de novo para o curso do rio, caindo e afundando-se nele pela segunda vez.
Apesar de ainda não estar totalmente recomposto da dor da ferroada, o Monge não resistiu ao impulso e foi uma vez mais em socorro do escorpião ao mesmo tempo que lhe dirigia as seguintes palavras: – Ah, pobre criatura, uma vez mais o sofrimento te apoquenta. Tenho pena de ti.
Acto contínuo, pegou uma vez mais no escorpião colocando-o em terra firme e segura. Escusado seria dizer que, uma vez mais, o animal ferrou o santo homem que acabava de o salvar da morte certa pela segunda vez consecutiva em poucos minutos. E desta vez a ferroada foi muito mais violenta do que a primeira. O homem gritou bem alto com tão tremenda dor.
JOVEM: – Você é um tolo! Ou está louco?! Porque fez isso? Da primeira vez, errou, e da segunda, repetiu o mesmo erro.
MONGE: – Meu amigo, o que posso fazer? A minha natureza é amar, a minha natureza é salvar. A natureza do escorpião é odiar, a natureza do escorpião é ferrar. Eu tenho de seguir a minha própria natureza e o escorpião tem de seguir a sua própria natureza. Não permitirei que a sua natureza altere a minha natureza. Se ele cair à água outra vez, eu tirá-lo-ei, não importando quantas vezes ele venha a cair. Serei picado, chorarei, lamentarei; mas não negarei a minha natureza, que é amar, salvar e proteger os outros.
Ao ouvir estas palavras o jovem ajoelha-se diante do Monge, toca-lhe os seus pés e diz-lhe:
JOVEM: – O senhor é o meu Mestre, o meu Guru. Eu tenho procurado, ansiado por um Guru. Hoje, encontro no senhor o meu verdadeiro Guru. E como sou seu discípulo, de agora em diante, se o escorpião cair ao rio, serei eu quem vai salvá-lo e colocá-lo de volta em terra.
(Ditas aquelas palavras, o jovem discípulo, prosternado, canta uma oração em frente do seu Mestre.)
(Enquanto o jovem cantava, o Monge escutava-o e seguia o escorpião com os seus olhitos atentos. O Guru, agora sentado na margem, observa a cena. Ao cabo de alguns minutos, o escorpião cai outra vez ao rio. O discípulo apressa-se a ir em seu socorro, como prometera ao seu Mestre. Lança-se ao rio, pega no escorpião e põe-o em terra firme, mas o escorpião não o fere. Ao contrário do que havia feito com o velho Monge, por duas vezes, ao jovem discípulo o escorpião não deu uma ferroada.)
JOVEM: – Como pode ser isto, Mestre? Eu não fui ferido. Pensei que eu também seria picado pelo escorpião. O senhor foi ferido impiedosamente duas vezes. Eu não entendo.
MONGE: – Meu bom rapaz, tu não entendes? Tenho que te dizer? Tu acreditarás em mim?
MONGE: – O escorpião também tem uma alma, e essa alma disse-lhe que, se ele te picasse, ao invés de colocá-lo em terra, tu o matarias imediatamente. O escorpião sabia que tu não aceitarias aquilo, que não irias tolerar a sua ingratidão. De ti, o escorpião não obteve qualquer garantia de segurança. O escorpião não te picou porque sentiu isso. No meu caso, a alma do escorpião sabia que eu jamais o mataria, independente de quantas vezes ele me picasse; eu apenas pegaria nele e o colocaria em terra, para sua segurança.
(No dia-a-dia, as pessoas também lutam, discutem e ameaçam outras apenas quando percebem que os seus opositores são fracos ou não querem lutar. Mas, caso vejam que alguém é mais forte do que elas, então ficam caladas.)
JOVEM: – Mestre, o senhor tem discípulos?
MONGE: – Tenho muitos, muitos discípulos.
JOVEM: – O que é que o senhor faz com eles?
MONGE: – Eu dou e recebo, recebo e dou. Recebo o seu veneno todos os dias, e dou-lhes néctar, em troca. Recebo a sua aspiração e dou-lhes realização. Recebo deles o que eles têm, ignorância, e dou-lhes o que eu tenho, sabedoria. Eles dão-me a garantia da minha manifestação e eu dou-lhes a garantia da sua realização. Nós necessitamos um do outro. Tu precisas de mim para poderes esvaziares-te – esvaziar a tua impureza, imperfeição, obscuridade e ignorância, – em mim. E eu preciso de ti para poder encher-te com o meu todo, com tudo que há no meu interior. Assim é como completarmo-nos um ao outro. A tua natureza é dar-me o que tens: impureza, obscuridade, imperfeição, limitação, apego e morte. A minha natureza é dar-te o que eu tenho: pureza, amor, alegria, luz, beatitude e perfeição. Quando a tua natureza entra na minha natureza e a minha natureza entra na tua natureza, ambos somos totalmente completos.
Assim seja…
L.P.